Ao fim de 30 anos de atividade, o Centro Cultural de Belém reafirma a sua identidade plural, com a criação de um novo festival de música que aponta a sua programação para vários públicos. O Belém Soundcheck será, assim, o chão comum de uma programação diversificada.
O festival, que ocorrerá de dois em dois anos, aposta na multiplicidade de universos musicais, que vão do fado à música erudita, do jazz à eletrónica, das músicas do mundo às sonoridades exploratórias. Este novo festival irá reunir, num encontro plural, figuras de referência da música internacional com artistas do panorama nacional.
O segundo dia do festival prossegue com Amaro Freitas, que vem apresentar o seu novo disco, Y’Y (editado dia 1 de março de 2024 pela editora norte-americana Psychic Hotline), através do qual faz uma homenagem à floresta, em especial à Floresta Amazónica e aos Rios do Norte do Brasil.
O novo trabalho a solo apresenta novas texturas, inspiradas no piano de John Cage e na obra marcante do percussionista Naná Vasconcellos.
O espetáculo tem início com Mapingari (Encantado da Mata), criando uma atmosfera de «floresta sonora» a partir de som de pífanos, tambor de trovão, piano preparado e respiração; seguem-se Uiara (Encantado da Água), Viva Naná, uma homenagem a Naná Vasconcellos, Dança dos Martelos e Sonho Ancestral, tema melódico, no qual o piano se apresenta com a m’bira, instrumento musical africano.
Na segunda parte do espetáculo, o pianismo afro moderno de Amaro traz em cena Y’Y, palavra escrita no dialeto Sateré Mawé (um código ancestral indígena que traduzido significa «Água ou Rio») e ainda Mar de Cirandeiras, música em homenagem às Cirandeiras, em especial a Lia de Itamaracá, património vivo da cultura de Pernambuco, e por fim Gloriosa, na qual o artista convida o público a solfejar uma melodia.
No final de cada dia do festival Belém Soundcheck, o foyer do Grande Auditório transforma-se numa pista de dança, onde irão atuar alguns dos DJs e produtores mais reputados da atualidade.
A entrada é livre e o espaço inclui zona de bar e restauração. No dia 22 março, entre as 23:00 às 01:00, a música fica a cargo de Pedro Ricardo.
O festival, nesta primeira edição, conta com as parcerias da Égide – Associação Portuguesa das Artes, da EGEAC e do Instituto Italiano de Cultura de Lisboa.