A Quinta da Regaleira, em Sintra, foi o cenário escolhido pela Companhia de Teatro de Sintra para a apresentação de “As Troianas”, um texto escrito por Hélia Correia e Jaime Rocha, inspirado na obra clássica de Eurípedes.
“As Troianas” é um texto que revive referências da tragédia grega, através de personagens incontornáveis do teatro clássico e de obras épicas como “Ilíada” ou “Odisseia”. É uma peça que toca nos lugares de resistência das mulheres (troianas) na guerra e que ressoam diretamente com as guerras a que assistimos em pleno século XXI.
Arrasada Troia, mortos os homens, procede-se à distribuição dos “troféus” – as mulheres da Casa de Príamo – entre os triunfantes chefes gregos. O fundo clássico da tragédia é ligeiramente alterado quer pelos conflitos entre os vencedores, quer por versões inesperadas do destino das mulheres, quer pela presença dos lobos que não entendem os motivos belicistas dos humanos.
Trata-se, com efeito, de uma teia dramática intemporal, que começa por ter implicações éticas, que são herdeiras, antes de mais, dos antigos códigos que norteavam o comportamento dos heróis homéricos (…) Mas para além da aura resplandecente que acompanha os vários heróis gregos e troianos, (…) o grande conflito expunha também a situação de todos quantos nele se viram envolvidos, de forma indireta e involuntária, e dele viriam a sofrer as consequências mais duras, em particular ao serem devorados pelo caudal da desgraça coletiva: anciãos, mulheres, crianças inocentes, como refere Delfim Leão, na nota Introdutória do texto original.
É a primeira vez que a obra de Hélia Correia e Jaime Rocha é encenada, numa estreia absoluta pela Companhia de Teatro de Sintra – Chão de Oliva.
Texto: Hélia Correia e Jaime Rocha | Encenação: Susana C. Gaspar e Paulo Campos dos Reis | Interpretação; André Pardal, Catarina Rôlo Salgueiro, Hugo Sequeira, Ivo Alexandre, Marques d’Arede, Paula Pedregal, Rute Lizardo, Susana Arrais e Susana C. Gaspar.