Na música de tradição clássica destaca-se muito a figura do compositor. O músico intérprete é relegado para a categoria de fiel intermediário. Esquecemo-nos, porém, que muitas grandes obras estão ligadas a grandes intérpretes que, por vezes, são «razão de ser» das mesmas.
Neste programa ecoam dois agrupamentos que em diferentes épocas muito contribuíram para a promoção da música de câmara em Portugal.
Em 1957, o Quarteto de Lisboa era formado pela violinista Leonor Prado, o violinista François Broos, o violoncelista Mario Camerini e a pianista Nella Maïssa. Foram estes os músicos que estrearam nesse ano o Quarteto com Piano de Joly Braga Santos em Würzburg, na Alemanha.
De um só fôlego, a partitura desenrola-se na recorrência cíclica das ideias melódicas apresentadas de início. Destaca-se a exuberância com que os quatros instrumentos se enredam, ora sobrepondo-se sincronamente ora articulando uma conversa aparentemente desalinhada em que impera o entusiasmo e a impaciência.
Já em 1980 surgiu o Opus Ensemble, formado pelo oboísta Bruno Pizzamiglio, pela violetista Ana Bela Chaves, pelo contrabaixista Alejandro Erlich Oliva e pela pianista Olga Prats.
Este programa inclui três obras que lhe são dedicadas.
Desde logo, Geórgicas, conjunto de oito pequenas peças compostas por Fernando Lopes Graça em 1987 e inspiradas no pendor bucólico dos versos homónimos do poeta romano Virgílio. A estreia aconteceu no Cine-teatro de Tomar no dia 14 de dezembro de 1991, ocasião que celebrava o 85.º aniversário do compositor.
Já em 2005, Eurico Carrapatoso celebrou com Cantigas de Alba outro aniversário, desta vez o 25.º do próprio Opus Ensemble. Em 2019 produziu esta nova versão. São tês peças de expressão despojada e assumidos laivos da nossa música tradicional.
Recuamos, por fim, a 1984, para recuperar a Suíte de Danças de Joly Braga Santos. Distingue-se a última destas três danças – Tarantela –, uma das páginas mais exultantes de todo o nosso repertório camerístico. A estreia aconteceu no Centro de Arte Moderna da Gulbenkian, em 1986. É agora a vez dos Solistas da Metropolitana.
Com Carla Pereira – oboé | Nonna Manicheva – violino | Andrei Ratnikov – viola | Alessio Cunha – violoncelo | Vladimir Kouznetsov – contrabaixo | Savka Konjikusic – piano
Programa:
Joly Braga Santos Quarteto com Piano
Fernando Lopes Graça Geórgicas
Eurico Carrapatoso Cantigas de Alba
Joly Braga Santos Suíte de Danças