O Município de Alcochete homenageia José Samuel Lupi, com uma exposição especial de fotografias e objetos carregados de histórias, na Galeria Municipal dos Paços do Concelho.
Último dia para vir conhecer a vida de José Samuel Lupi – Um Histórico da Tauromaquia, um homem que tem o seu legado marcado na história de Alcochete, e da tauromaquia, e que continua vivo na memória coletiva da vila.
José Samuel Lupi foi criado no palácio da Herdade de Rio Frio–Barroca d’Alva, e desde muito cedo começou a montar a cavalo e a lidar reses bravas. Aos 14 anos já toureava participando nas tentas da casa agrícola de Rio Frio, em festivais e em garraiadas. Três anos depois, debutou na praça de toiros Palha Blanco, em Vila Franca, na temporada de 1948.
A carreira de toureiro seguiu, a par e passo, em paralelo com os estudos no Instituto Superior de Agronomia, onde se licenciou como engenheiro silvicultor. Foi trabalhar para a Herdade de Rio Frio, conseguindo, desde logo, aprimorar as características da coudelaria, permitindo que se fizesse representar nas quadras de muitos cavaleiros portugueses e espanhóis.
Em 1963, profissionalizou-se como cavaleiro tauromáquico. Tomou alternativa a 11 de junho, na praça de toiros do Campo Pequeno, apadrinhado pelo Mestre João Núncio.
Feita a alternativa, muito se esperava de José Samuel Lupi nas arenas, mas, a verdade, é que superou as expectativas, sabendo cativar o público pela qualidade das lides e pela serenidade com que toureava.
Encerrou esta temporada com uma atuação em Espanha, que encheu de orgulho todos os portugueses que assistiram.
Consciente da visibilidade que Espanha lhe poderia dar, optou por prosseguir e consolidar a carreira no país vizinho, e assim o fez em 1964. Em abril apresentou-se em Madrid e em junho em Badajoz.
Em Portugal, consolida-se como Primeira Figura, toureando a par com Mestre Batista e Álvaro Domecq, ou integrando o famoso cartaz dos “três Zés”, composto por Batista, Lupi e Núncio.
Nos anos seguintes, José Samuel Lupi foi somando prémios e louros, sempre consagrado como Primeira Figura do Toureio.
Em 1968, inicia a temporada na Bélgica, e segue com êxito nas principais praças nacionais. Encerra a época com seis atuações em Espanha que lhe abrem as portas para, no ano seguinte, se consagrar também no país vizinho.
O início do grande triunfo dá-se em 1970, quando se torna parte de um quarteto de alto gabarito que fica para a história como “os quatro ginetes da apoteose” – José Samuel Pereira Lupi, Angel Peralta, Rafael Peralta e Álvaro Domecq.
Com eles (considerados a maior quadra da história do rejoneio espanhol) o toureio a cavalo ganhou uma dimensão inédita em Espanha.
Para José Samuel Lupi, seguiram-se mais anos de triunfos e glórias, nas arenas nacionais e do país vizinho, batendo recordes e vencendo prémios, que fizeram dele um histórico da tauromaquia mundial.
No final da década de 70, a sua vida empresarial e a necessidade de novas alternativas de negócio, motivaram a sua ida para a Venezuela. Ali permaneceu durante cinco anos, encarregue de uma exploração agrícola de 150 mil hectares.
De regresso a Portugal, e depois de terminada a brilhante carreira de cavaleiro tauromáquico, José Samuel Lupi passou a dedicar-se exclusivamente à administração da Herdade da Barroca d’Alva. A par da exploração agropecuária, introduziu na herdade as atividades cinematográfica e turística. No final da década de 80, ali se instalou o maior estúdio cinematográfico de Portugal, um Hotel Rural um Centro Hípico, onde se realizaram eventos equestres de relevo nacional e internacional.
Aos 88 anos, ainda mantinha a extração de cortiça, a produção de arroz e vinho e a coudelaria, mas foram as receitas dos estúdios cinematográficos que, inicialmente, deram trabalho às gentes do concelho e que constituíram a maior fonte de receita
Em Alcochete, sempre se dedicou ao movimento associativo, quer pelos apoios concedidos às coletividades locais, quer pela disponibilidade para integrar os órgãos sociais.