Desejo, recalcamentos, atração e repulsa, conflitos de poder e o choque violento das classes sociais e dos géneros povoam esta peça icónica de Strindberg, que redefiniu o teatro moderno.
Em “Menina Júlia”, peça publicada em 1888, e à semelhança de outras obras do autor, a mulher desempenha um papel crucial, nomeadamente no que respeita à sua emancipação, sendo colocada numa posição de destaque que a permite, de alguma forma, levar avante o poder de decisão.
Júlia é a filha de um conde que, por detrás de uma inocência aparente, esconde um lado provocador.
Numa noite de festa, Júlia seduz João, um dos empregados de seu pai e noivo de Cristina, a cozinheira da família, que assiste ao rápido desenrolar da relação, sempre com o olhar resignado de quem sabe pertencer a uma classe menos favorecida. João é levado pelo jogo da Menina Júlia que, em ambos os casos, não medem as consequências dos seus atos perante a sociedade na medida em que há nítida e claramente uma oposição no que respeita ao grupo social a que cada um pertence.
A história que se desenrola ao longo daquela noite de solstício terá um final trágico muito semelhante ao das tragédias gregas tendo em conta o cunho moral que a envolve. Um simples acto inconsequente poderá originar um conflito ético sem precedentes.
Para ver de 21 a 27 de março.
Espetáculo integrado nas comemorações dos 50 anos do 25 de Abril, organizadas pela Câmara Municipal de Setúbal.