A 4.ª edição da Transborda inclui espetáculos, laboratórios, performances e conversas sobre as artes performativas, com o objetivo de aproximar públicos diversos a obras inovadoras de coreógrafos internacionais.
O programa, que decorre no Fórum Municipal Romeu Correia, no Teatro Municipal Joaquim Benite e na Casa da Dança, reúne artistas que experimentam ecologias de saberes frente a novos desafios e ficcionam mundos possíveis no encontro poroso com o outro. Em escutas sensíveis do corpo, estes criadores transformam hábitos percetivos com as suas danças, intensificam vitalidades, recriam memórias e transbordam na prática da alteridade.
A 4ª TRANSBORDA traz pela primeira vez a Almada a coreógrafa croata radicada em França Ivana Müller com o espetáculo FORCES OF NATURE. Apresenta um panorama com três trabalhos do coreógrafo Cristian Duarte: o solo THE HOT ONE HUNDRED CHOREOGRAPHERS, referência para a dança no Brasil, PRESENTES, um dueto em colaboração com a bailarina Aline Bonamin e PARA TOCAR E NÃO PRENDER, uma performance com trinta participantes locais. Apoia a estreia de MONO-NO-AWARE de Rafael Alvarez com Mariana Tengner Barros e Noeli Kikuchi. Apresenta BOCA FALA TROPA de Gio Lourenço e JANET PANETTA : DIOSA ANCESTRA da artista argentina Cecilia Lisa Eliceche.
FORCES OF NATURE de Ivana Müller é uma jornada coletiva por uma paisagem em constante transformação que questiona o sentido e o potencial daquilo que temos “em comum”, a noção de interdependência, a sustentabilidade dos recursos, a importância de “cuidar” e a necessidade de agir.
THE HOT ONE HUNDRED CHOREOGRAPHERS movimenta uma lista autobiográfica de cem referências que mobilizaram a trajetória artística de Cristian Duarte. O solo convida o público a navegar por um arquivo-índex que revela um corpo que negoceia com o seu próprio repertório e memória. O dueto PRESENTES evoca memórias físico-afetivas como forças capazes de produzir novos arranjos e sensações. PARA TOCAR E NÃO PRENDER é uma experiência coletiva com trinta participantes que movimenta o corpo, a memória, as palavras e as coisas que nos atravessam na atualidade, enquanto cria arranjos para delirar a vida perante uma realidade insuportável.
MONO-NO-AWARE é um termo japonês que se refere a “uma empatia e sensibilidade especial sobre as coisas efémeras”. O espetáculo de Rafael Alvarez cria espaços de alteridade ao convocar diferentes materiais imagéticos e poéticos, partindo deste lugar de memória e de contemplação da transitoriedade do tempo presente.
BOCA FALA TROPA tem como ponto de partida os movimentos do Kuduro, um estilo de música e dança criado nos anos 90, em contexto de guerra civil, em Luanda. Gio Lourenço propõe um território artístico deslocado de uma geografia concreta, ao cruzar elementos de memória individual, e as suas inevitáveis ficções, com elementos da memória coletiva.
Em JANET PANETTA : DIOSA ANCESTRA Cecilia Lisa Eliceche cria uma oferenda dançada à mestre de ballet Janet Panetta, celebrando a sua vida e o seu legado.
A TRANSBORDA é organizada pela Casa da Dança e procura trazer coreógrafos de excelência a Almada num formato de mostra orientado para a investigação, o intercâmbio e a qualificação artística.
Em cada edição apresenta um panorama da obra de um artista internacional e cria ações direcionadas para a partilha das suas propostas e práticas.
Nesta edição, Cristian Duarte dirige PARA TOCAR E NÃO PRENDER, um Laboratório-Performance com trinta participantes de diversas nacionalidades. Ivana Müller partilhará as suas investigações num laboratório intensivo e Rafael Alvarez oferece um Lab de Dança Contemporânea para maiores de 55 anos. O crítico Ruy Filho dirigirá ainda uma Oficina de Crítica e mediará conversas com os artistas.
A 4ª edição da TRANSBORDA é organizada pela Casa da Dança e conta com o apoio da DGArtes, Iberescena, Instituto Francês de Portugal e Câmara Municipal de Almada.
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